quinta-feira, 24 de março de 2011

Para pedagoga, é na escola que se aprende bê-á-bá do sexismo

Desde a mais tenra idade a criança já é bombardeada com conceitos equivocados a respeito da sexualidade. Gostei muito dessa reportagem que saiu no Caderno Equilíbrio e Saúde da Folha.com e resolvi compartilhar com vocês. Espero que gostem....

Os estereótipos de gênero começam já no útero, quando os pais escolhem o brinquedo, a decoração do quarto e as roupas do bebê. Mas é na escola que o sexismo é reforçado, segundo a pedagoga Tânia Brabo, da Unesp, que estuda movimentos feministas há 20 anos.
Para a pedagoga Tânia Brabo, da Unesp, é na sala de aula que as crianças aprendem o bê-á-bá do sexismo
Segundo ela, detalhes como separação de meninos e meninas em filas e diferenças nas aulas de educação física ajudam a perpetuar essa visão "bipolar" do mundo.
"Isso é nocivo a partir do momento em que um sexo se sente superior ao outro", diz. Leia trechos da entrevista.
Folha - Ainda há muito sexismo nas escolas?
Tânia Brabo - Nos anos 80 e 90, feministas trouxeram a discussão sobre a necessidade de a escola não reforçar estereótipos, mas não houve continuidade. As publicações daquela época ficaram esquecidas nas bibliotecas.
Não se debate nas escolas a discriminação da mulher?
As políticas educacionais trazem essa questão na teoria, mas, embora haja um avanço, falta muito em termos práticos. No conteúdo das escolas, a questão da igualdade entre os sexos deve ser mais abordada.

Onde aparece o sexismo?
No dia a dia da sala de aula, quando atividades supostamente femininas são separadas para as meninas. Na educação física, meninas e meninos são separados e praticam diferentes esportes.

Esses problemas começam precocemente?
Sim. Na educação infantil, quando os brinquedos são separados --bonecas para as meninas, carrinhos para os meninos. Essa visão bipolar ainda está muito forte. Até nas brincadeiras. O menino não quer nem sentar numa cadeira rosa. Muitas vezes, os meninos querem brincar de boneca, mas a família e os professores não aceitam.

E deveriam aceitar?
Sim. Homens adultos usam brinco, colar, camisa rosa. Houve mudança nos costumes, mas as crianças ainda são tratadas como se certas questões fossem definir a sexualidade. Em países em que a figura da mulher e do homem são mais iguais, ambos aprendem a cozinhar, cuidar de bebê, bordar.

Certamente ainda há muita resistência da família.
Há escolas que se preocupam com a igualdade de gêneros e adotam políticas assim. Mas há pais que não entendem. Uma professora contou que teve de lidar com um pai que não aceitava o filho levar o livro da Branca de Neve para casa. Disse que não era leitura de menino.

Isso pode refletir na forma como o homem adulto encara a divisão de tarefas na casa...
Se o menino não pode segurar uma boneca, então será educado a não ter uma aproximação maior com os filhos. No passado, era assim a vida toda. Hoje, o menino é separado de tudo e na vida adulta é cobrado. Começa na educação infantil e o adulto continua a reproduzir isso.

Os alunos também desenvolvem uma visão sexista do professor. Há mais mulheres do que homens dando aulas até o ensino médio. E o salário, em geral, é ruim.
É fato. Hoje há mais homens no curso de pedagogia, mas é recente. Como a professora vai ensinar igualdade se ela se sente uma pessoa de segunda categoria?

Mas como os professores podem lidar com isso?
Estimular que ambos exerçam todos os papéis.


JULLIANE SILVEIRA- COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

3 comentários:

Chris Ferreira disse...

Oi Carla,
adorei o post, adorei a abordagem do assunto.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Carla Castro Maia disse...

Olá Carlinha! Acho q a essa altura vc n vai nem lembrar de mim mas vamos lá.
Acho q é importante sim discutir isso. Muito! Mas veja bem, acho q o grande problema ainda está realmente dentro de casa. Vc sabe q muitas mães fazem distinção entre meninas e meninos. Acredito q no dia em q o mercado sentir q há mudanças, os brinquedos deixarão de refletir essa separação.
Agora um aparte: qdo eu era criança, teria uns 6, 7 anos, era a 3ª de 6 irmãos, 4 meninos e minha irmã era bebé, então eu brincava com eles. Tinha minha coleção de carrinhos, q meu pai comprava, jogava bola, n gostava de boneca, nem tirava da embalagem, mas tb fazia ballet, ginástica olímpica, minha mãe cortou meus cabelos curtinhos, como eu pedi, usava shorts qdo me apetecia e eu ainda exigia q me chamassem de Carlos. Como eu era loirinha e tinha olhos claros, qdo eu falava o nome "Carlos" td mundo falava "Q menino lindo" eu me sentia toda importante, vitoriosa, um MENINO! Agora veja o caso da Angelina Jolie e a filhinha dela q tb quer se vestir = menino, usa cabelos curtos, vc vê os horrores q a mídia sensacionalista fala sobre a mãe deixar a menina à vontade com seus gostos? Sorte da menina q a mãe n dá a mínima. Estamos no sec. XXI (For God sake!).
Um outro ponto, aqui no Brasil, é as famílias dependerem mt de empregada/babá. Isso atrapalha também a educação. Os pais n precisam dar o exemplo, pois qto mais dinheiro menos vc vê a mulher na cozinha e mt menos o homem. Lógico q estes pais n irão falar ao filho(a) p limpar o quarto. Quantas vezes vc vê um menino lavando louça? E nas classes mais baixas, a mãe é mais empregada q outra coisa. Ela n impõe! Então é complicado e ainda tem a sombra da religião, essa imagem de mãe/esposa ainda está mt próxima à da virgem Maria e, por tabela, as leis tb estão ultrapassadas.
Eu n tinha percebido a problemática nas escolas q vc refere mas ainda acho q o foco é a família, pq no dia em q se eliminar as diferenças dentro de casa, vai se refletir na escola e em toda a sociedade. No colégio que meus filhos estudam desde os 3 aninhos (agora os + novos já estão no colegial e o mais velho na faculdade)tem até uma cozinha, com pia, tanque, onde as professoras ensinam as crianças a serem independentes. Ensinam a fazer biscoito, lavar louça, roupa, tênis, usar o microondas exatamente para ajudarem a aliviar as mães em casa (menino e menina). Agora se em casa as mães aproveitaram/aproveitam isso, n sei. Na minha casa, sempre preferi faxineira, e claro que numa casa de 5 pessoas, todos precisam colaborar, pq todos têm suas ocupações, uns trabalham, outros estudam. Assim a organização flui em função das necessidades e não do sexo ou hierarquia. Claro q na sociedade em geral ainda é notória a diferença, mil agentes interferem: cultura, educação, religião, leis ultrapassadas q ligam a mulher ao lar, para n falar do oportunismo de certos empregadores q fazem distinção tb nos salários. Entretanto se houvesse um background sadio em casa, o que acontece fora não afeta, pelo contrário a tendência seria uma pressão da sociedade para eliminar. Acho q tudo tem a ver com questionamentos e acomodação. A informação está à mão e chega já a muitos locais e bolsos. Ignorância em tempos de internet n é mais desculpa. As pessoas têm a liberdade de escolher e o poder de exigir e aqui a temática já é outra. Afinal vivemos em um país regido por uma presidenta. Isso n é uma luz no fim do túnel, é uma cidade inteira iluminada, então sejamos otimistas, e questionadores sim, como vc neste artigo :D

Carla Castro Maia disse...

Carlinha, em algum lugar no teu blog, eu discordei sobre essa velha história de que criança e leitura tem q andar junto. Hj conversando c alguém sobre o assunto me ocorreu q poderia ser mal interpretada nesse comentário. Eu adoro ler, sempre gostei, minha família inteira é de leitores e meus 2 filhos mais velhos tb. Mas meu caçula não gosta, ou melhor, ele só gosta de ler revistas de ciência ou de jogos, ou tecnologia, assim como programas de TV dos mesmos assuntos. Ele escreve hiper bem, se é redação de português, tem até humor, se é trabalho de ciências, história... em reunião de professor, eles sempre rasgam elogios "Carla, como o seu filho escreve bem, organiza as idéias... n dá pra entender pq ele n gosta de ler" falam admirados. Pois é! Outro dia ele foi a viagem inteira soltando cobras e lagartos ao autor da moreninha e à própria heroína. Ele estava mt bravo c o tempo q precisou perder lendo o livro. Mas a crítica dele foi tão criativa q nós tivemos q rir. Já minha filha ficou mt brava pq ela amou o livro.
Mas veja bem, o Dani n é exceção, professores estão encontrando uma série de crianças destas, mas poucos se atrevem a querer mudar a teoria de que tem q ser leitor pra escrever bem, ou ter idéias, ou construir/desenvolver uma personalidade ética, c bons valores morais.
Mas acho q uma hora, alguém vai levantar essa bandeira. Eu tb pensava diferente até me aparecer um Dani pra derrubar tal teoria q eu aceitava como absoluta verdade, mas quantas teorias são derrubadas, não?! O conhecimento é dinâmico. Já é tempo de nos tocarmos de q n há verdades absolutas sobre nada.