terça-feira, 6 de outubro de 2009

Barbárie à vista?

Tomei conhecimento desse texto, a partir de um curso que fiz sobre educação no SENAI/SP. Infelizmente é o que estamos vivendo hoje em dia. Leiam com atenção:

Barbárie à vista?

Anna Veronica Mautner é psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e colunista da FOLHA DE SÃO PAULO

Os pais, como todos os adultos, são sim responsáveis pelas violências perpetradas pelos jovens, que ocorrem cada vez com maior frequência.
Somos todos culpados ou pelo menos temos a ver com o que está ocorrendo. Deixamo-nos influenciar, sem reagir, pelos efeitos da difusão de uma psicanálise fora do contexto.

Se não estivéssemos imbuídos da ideia de que a origem do erro está lá atrás, na infância, como culpar pais, monitores, babás só por terem acreditado na falácia de que dor, desconforto, vergonha, humilhação etc. são sempre letais ao ego em formação e por isso devem ser evitados a qualquer preço?


O lema é: ninguém deve se ressentir de nada, muito menos seres em formação devem ser magoados. A consequência dessa ideologia de tortas raízes vai, passo a passo, gerando seres incapazes de empatia, incapazes de reconhecer o outro como seu semelhante.

Pouco familiarizados com dores, vão infligi-las, sem saber o quanto vai doer. Quero dizer que é preciso sentir que a vergonha, por exemplo, que me machuca, machuca ao outro também. Assim, se eu quiser, até posso humilhar alguém. Mas pelo menos sei o que estou fazendo. E posso calcular a intensidade que eu quero. Quando superpreservamos crianças e jovens de todo medo, de toda frustação, se qualquer fracasso, da humilhação e da vergonha, estamos impedindo que aprendam o quanto dói uma saudade, um fora, uma pancada.

Quando diante de alguém diferente, um outro, desconhecido, de outra galera, ignoramos o que eles tem de semelhante a nós, a agressividade e a violência encontram um campo fértil para aparecer. É aí, onde as pessoas se estranham, que aparecem vigorosos os maus colegas, o mau patrão, o mau chefe eo violento em geral.

Quando alguém se sente ameaçado, reage. É natural. O que surpreende é a discrepância entre estímulo e resposta. E mesmo que ele estranhe algumas coisas nesse outro, existem entre dois seres humanos mais semelhanças do que diferenças. A violência desabrocha onde as pessoas se estranham. Quando estranhamos, pomo-nos a espernear, a bater, para eliminar o ameaçador. A violência é sempre uma resposta ao medo do desconhecido.

Quando se transforma em brincadeira, leviandade, estamos diante de uma patologia. Juntando que as novas gerações foram preservadas da maioria dos desconfortos naturais da vida, é natural que tenham muito mais medo de tudo o que é estranho, já que conhecem muito menos do que seria desejável.

Quem estranha muito tem muito medo e perde fácil a estribeira. Estamos a um passo da violência. Barbárie à vista?

2 comentários:

Anônimo disse...

Carla,

O blog está sensacioal!
Você aborda temas muito atuais, como o de Anna Veronica Mautner.
Paz e Bem para tua família!

Maria Del Carmen

Anônimo disse...

Preserve los em seu caminho ... muitos um pode um trabalho muito grande localizado em este tipo de Basics ... não são capazes de informá-lo sobre o quanto eu APENAS, por exemplo, ter prazer em tudo que você poderia completo!